Os índices de saúde em sistemas públicos são melhores do que em sistemas privados. A informação é do presidente da Associação de Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Gastão Wagner e foi feita em seminário sobre o tema realizado nesta semana no Rio de Janeiro. Segundo ele, isso acontece porque, quando a lógica do mercado é aplicada à saúde, diversos exames e internações desnecessários acontecem, por exemplo.
“Sistemas públicos na saúde são mais eficientes do que sistemas privados. O sistema inglês gasta metade do modelo americano, com resultados melhores. No sistema privado no Brasil, temos quatro vezes mais médicos por habitante do que na rede pública. No entanto, a expectativa de vida dos diabéticos que se acompanham no SUS é melhor do que os que são acompanhados no sistema privado”, afirmou ele à Agência Fiocruz.
O presidente da Abrasco disse ainda que críticas ao SUS desconsideram que o sistema na realidade é subfinanciado, em contraste com modelos internacionais. “O SUS pode ser considerado uma reforma incompleta, porque ele vai sendo implantado aos soluços. Na Europa, a implantação aconteceu em quatro anos. Em Portugal, o sistema público de saúde começou em 1976 e, em 1980, a cobertura de atenção básica chegava a 80%”.
O conferencista afirmou que os atuais 3,9% do orçamento dedicados à saúde em 2015 são insignificantes, quando comparados ao pagamento da dívida pública, que consumiu 42% do orçamento no mesmo ano. Segundo ele, seria necessário dobrar os recursos para que 80% da população tivesse atendimento na cobertura básica, como recomenda a Organização Mundial de Saúde.
Em sua conclusão, o sanitarista fez duas sugestões para a melhora do SUS: incrementos na transparência, de modo a possibilitar uma melhor compreensão do alocamento de recursos, e uma melhora do financiamento, com uma mudança do uso dos recursos públicos.
Em outro evento, também nesta semana, em Goiânia, o pesquisador João Ricardo Nickening, da Universidade de Duke (EUA), apresentou um sistema de coleta e interpretação de dados por meio de tecnologia computacional que, na sua opinião, podem ter aplicabilidade nas políticas públicas de saúde.
Ele destacou as vantagens do Brasil ter o Sistema Único de Saúde (SUS), que compila uma grande quantidade de dados, diferentemente de outros países que têm sistemas dispersos. "Os dados
nós já temos. Precisamos melhorar a análise das informações para embasar a gestão da saúde pública brasileira", disse.
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